segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Experimentar Deus

“Provem, e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia”.
(Salmo 34:8)

Provar significa ter uma experiência sensorial com resultado imediato; nós nos relacionamos com a realidade a nossa volta, e esse relacionamento é mediado pelos sentidos físicos (tato, olfato, paladar, audição e visão), gerando em nós sensações, tais sensações quando nos agrada chamamos de boa (agradável), e quando não nos agrada chamamos ruim (desagradável).
Somente conseguimos afirmar como real aquilo que os nossos sentidos percebem, e quando os nossos sentidos percebem, nós temos uma sensação física. A realidade é apropriada pelos sentidos, e toda a apropriação mediada pelos sentidos físicos tem efeitos ou resultados imediatos. Aquilo que demora muito, para nós, tende a ser desacreditado, pois nossa natureza requer experiências que tenham efeitos instantâneos, daí concluímos que nossas experiências no mundo em que vivemos estão relacionadas e caracterizadas pelas dimensões físicas (sentidos físicos) e imediatas (resultado e efeito).
Todavia, esses dois critérios de julgamento não podem jamais se aplicar a Deus, não é nessa categoria de provar que o Rei Davi está nos convidando a provar a bondade de Deus. Nós não nos apropriamos de Deus pelos nossos sentidos físicos, a começar pelo fato de que, Deus não é matéria, Deus não tem textura, não tem densidade, não tem cheiro, não tem cor, Deus não tem temperatura.
Expressões como: sentimos a Tua presença, são apenas metáforas pois não condizem com a realidade. A presença de Deus não está ligada a sensações físicas; quantas vezes ouvimos pessoas dizerem que não experimentaram a Deus por não terem sentido arrepios, não terem chorado, por suas emoções estarem normais, e seu estado de espírito e ânimo estarem intactos, afirmando que o culto não funcionou, o pregador não funcionou, o louvor não funcionou, etc... Tudo por que carregamos para dentro experiência espiritual e para a nossa relação com Deus, a dimensão física e imediata dos acontecimentos.
O que ocorre na verdade é exatamente o contrário, diante de Deus experimentamos a perplexidade, o ruir dos nossos alicerces conceituais, o questionamento das nossas certezas, perdemos o controle das situações, o encontro com Divino passa pelo conturbado, passa pela dúvida, passa pelo vazio, passa pelo nada, passa pela solidão, passa pelo silêncio. Esse critério que utilizamos, e mensurar a bondade de Deus, àquilo que sentimos, aos resultados de Sua bondade que nos beneficiam imediatamente, nos levará a viver como aquela brincadeira de criança: bem me quer, mal me quer.
Nós não provamos e vemos que o Senhor é bom, através das nossas sensações, e nem através de nossas experiências pontuais, através das somatórias de nossos momentos. Nós provamos que Deus é bom, através de uma história caminhada, ao longo dessa caminhada não poucas vezes Deus não só não nos parece bom, como às vezes sequer aparece. Ao longo dessa caminhada experimentamos o abandono das sensações boas agradáveis, e às vezes o abandono das sensações... Basta verificarmos o texto em Mateus 27:46, que contém uma das frases dita por Jesus. Jesus experimentou em oração: angústia, agonia, solidão; entretanto, Ele sabia que Deus era bom!!! Não importa que não sintamos que Deus é bom, o que realmente precisamos fazer é saber que Deus é bom!!!!
Quantas vezes diante de uma Palavra de Deus, deixamos de nos emocionar, deixamos de sentir alguma coisa, tivemos a sensação de vazio. Quantas vezes em oração, tivemos a sensação de bater no vazio, quantas em oração fomos assaltados por dúvidas, por questionamentos; mas isso é experiência para todo aquele que se atreve a ouvir o convite a provar e ver que o Senhor é bom!!!
Diante das dúvidas, dos questionamentos, do vazio, da escuridão, do silêncio, o dia seguinte é a tentação e a sugestão de que a oração não está funcionando, não está dando certo, e o Inimigo logo tenta nos ludibriar que há algo melhor para fazer com o nosso tempo, e com a nossa vida; e aquele Deus que nós buscávamos, mas em que cuja busca não sentimos nada, pois não experimentávamos imediatamente os resultados de sua bondade, aquele Deus vai se tornando cada vez mais difuso, vai perdendo cores, e as nossas afirmações a respeito desse Deus vão se tornando cada vez mais flexibilizadas. Deus é bom? Eu acho. Tudo por que baseamos a nossa caminhada com Deus, às sensações e nas experiências imediatas da bondade de Deus, ficamos olhando para as circunstâncias e sensações...
Paulo diz, em II Coríntios 5:7: "...andamos pela fé, e não por vista". E o que é a fé???? Hebreus 11:1, temos que: "É a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que NÃO vemos...". Devemos andar com Deus, devemos provar a Deus, mas não como se Ele fosse um café instantâneo... Devemos andar com Deus por 1 ano, 5 anos, 10 anos, 25 anos, 45 anos, 100 anos... Não devemos basear nossa caminhada com Deus nas nossas sensações e nas nossas circunstâncias, devemos basear nossa caminhada com Deus naquilo que a Palavra revela que Ele é, devemos basear nas nossas consciências e valores, de acordo com o que sabemos de Deus!!!!
Devemos ordenar as prioridades das nossas vidas, de acordo com o que sabemos a respeito de Deus. Temos de obedecê-Lo contra as evidências e contra as sensações. Devemos andar com Deus para que possamos nos encontrar, lá na frente e dizermos uns aos outros o mesmo que Paulo disse: "...combati o bom combate, terminei a carreira e guardei a fé..." (II Timóteo 4:7).
Na verdade o convite feito pelo Rei da Davi, há mais de três mil anos atrás, é que venhamos ter uma experiência pessoal, particular e íntima com Deus, provando-o e constatando que Ele é bom!!! Nossa resposta ao Salmista seja: SIM, queremos prová-lo
!!! Queremos provar que o Senhor é bom!!! Que estamos dispostos a andar com Deus, contra todas as evidências, contra todas as circunstâncias, contra todas as sensações, porque sabemos que Deus é bom e a Sua a bondade e Sua misericórdia, nos seguirão todos os dias de nossas vidas, e que habitaremos na casa do Senhor para todo o sempre. A fim de que possamos dizer como Paulo: "Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" (II Timóteo 1:12).
Fiquemos com essa verdade.
Dayene Roberta Alves