segunda-feira, 10 de março de 2008

Sentimentos de Fiel Afeição que Derrubam Máscaras...

Amizade para o dicionário Aurélio é: um sentimento de fiel afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual. Graças a Deus posso dizer que tenho convivido entre amigos (poucos, mas valiosíssimos) destemidos e corajosos o suficiente para serem sinceros e honestos, amigos que possuem esclarecimentos e maturidade suficientes para perceberem algumas sutilezas da realidade da vida, amigos que não tem vergonha de falar aquilo que pensam, que não tem medo de abrir os olhos para me mostrar à verdade, amigos que não maqueiam a realidade para embelezar uma situação, tampouco coloca uma máscara que possa esconder as raízes dos problemas vitais. Quantos de nós realmente podemos agradecer a Deus por ter-nos presenteado com amigos verdadeiramente abençoados que tem edificado nossas vidas??? Eis uma grande oportunidade para refletirmos a respeito dessa questão.
É muito difícil confessarmos erros dos mais secretos, e admitirmos autos-questionamento que confrontem o nosso próprio padrão de vida; difícil enxergar certos buracos da nossa alma que há tanto tempo tapamos jogando algum material não muito profundo por cima. Reconhecer que vivemos rasamente, em contraposição a profundidade que muita das vezes pregamos. Nessas horas, conto com pessoas, que sem medo de errar, têm me ensinado com intensidade cada vez maior, que vale a pena passar por todas as dificuldades e vencê-las. Amigos que tem me ensinado que mexer em feridas, (ainda que isso atraia olhares contrariados e condenadores), faz bem à alma e dá PAZ a consciência. Basta um olhar, um comentário, um desabafo, uma colocação, uma confirmação, um questionamento, uma constatação sincera, uma pergunta, uma expressão espontânea, uma preocupação, ou uma simples percepção desses meus perspicazes amigos, para meu belo “frágil mundo” ruir, permitindo que minhas feridas ignoradas possam novamente se fazer doer.
Essas pessoas, que aprouve a Deus aproximar de mim para compartilhar da minha vida, não tem medo de me dizerem o que quer que seja; e é exatamente isso que me faz amá-las de maneira ainda mais convicta e especial. São como anjos de luz a iluminar-me pela longa jornada de volta pra casa, clareando não só à parte percorrida com os pés e o alvo do olhar atento, mas também os cantos obscuros em que se escondem meus aspectos mais subjetivos: minhas feridas, princípios que impensadamente me governam (Rm 7:15), o lado negro de mim mesma e de tudo o mais que me cerca. Dou Graças e Exalto o nome do Senhor, por ter me cercado de pessoas tão especiais....
Entretanto, ainda mais penetrante do que a opinião de amigos é o toque sobrenatural do Senhor sobre nossa alma; é o olhar de Cristo a nos fitar profundamente, revelando a nós algumas verdades que insistimos em ignorar. Ele também não esconde aquilo que nos dói, não tapa as feridas nem as faz desaparecer, mas nos convida a curá-las aos Pés da Cruz.
Num dia desses, graças ao olhar de Cristo sobre mim, e as várias conversas com meus destemidos e brilhantes amigos, dei de cara com velhos buracos, antigas feridas e alguns princípios esquecidos dentro de mim. O encontro foi doloroso e marcado por lágrimas, porém absolutamente necessário; e, certamente, menos dolorido do que a convivência que cegamente os ignorasse e fingisse desapercebê-los. Afinal, nada pode ser mais dolorido do que viver de máscaras.
Que Deus nos ajude, com Seu imenso amor e através dos AMIGOS que nos cercam, a tirar de nós as máscaras, e nos faça ter força para enxergar e viver a realidade como ela é, e transformá-la no que preciso for. A realidade que não é bela como belas são as máscaras que usamos todos os dias, mas cuja falta de beleza estética compensa-se na beleza profunda que somente a verdade pode ter, e na força com a qual apenas a transparência consegue atravessar o olhar.
Que assim seja!!!

Dayene Roberta Alves